A palavra vulnerabilidade suscita quase sempre uma sensação pelo menos estranha. Por um lado é uma palavra pouco usada e por isso difícil de definir, por outro parece sugerir algo que não queremos “estar com”. Podemo-nos sentir vulneráveis por um conjunto de situações internas e externas (ex: desemprego, sobrecarga no trabalho, sentir-nos frustrados, dificuldades em termos relacionais, sentir-nos ansiosos, deprimidos…). A questão é:”Será que alguns de nós podem viver sem se sentirem em algum momento vulneráveis?”. A resposta parece óbvia, uma vez que vivemos num mundo vulnerável, mas quando tentamos personalizar esta questão:” Quais são as suas vulnerabilidades?”, a primeira resposta parece ser:”eu não tenho vulnerabilidades ou não é suposto mostra-las”. Porque teremos nós, tanto receio desta palavra? Aquilo que mais oiço a este respeito está relacionado com a ideia:”porque mostrar vulnerabilidade é mostrar as falhas ou fraquezas que eu tenho e os outros vão deixar de gostar de mim.” As palavras vulnerabilidade e falhas embora frequentemente associadas, elas não significam o mesmo. A vulnerabilidade, não tem nada de falha, pois refere-se às nossas experiências e à forma como nos sentimos. Proponho um exercício: Pensem em pessoas que vos sejam emocionalmente próximas ou com quem vocês se sintam bem. Agora pensem como construíram a intimidade nessas relações e como as mantêm. Muito provavelmente, um desses ingredientes é a partilha da forma como nos sentimos em diversas situações que nos vão acontecendo, vulgarmente chamado de “se abrirem connosco ou nós com os outros”. Desta forma, “Permitir-me vulnerabilizar é construir humanidade, é mostrar que sou Pessoa” (Vasco, A. B.). No outro dia, ouvi um colega meu psicólogo, a utilizar uma metáfora para descrever aquilo que lhe sugeria vulnerabilidade:”Os alarmes de uma casa a tocar”. Deixo-vos então um desafio: Quando é que o vosso alarme toca?, O que é que é preciso para o vosso alarme tocar?
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AuthorAndreia Santos Archives
September 2016
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